Os malhetes - ou também chamadas duplas caudas de andorinha - estiveram sempre de alguma forma associados aos suportes de madeira pintada, como elementos de reforço estrutural das tábuas pintadas. Estas peças executadas normalmente em madeira de um só elemento, cortadas de forma trapezoidal, foram originalmente utilizadas em Italia na tecnologia de construção dos suportes de pintura sobre madeira, pelos então destacados "legnaiolos" ou "panel-makers". A ideia de usar tais elementos já vinha das estruturas retabulares - nos elementos apainelados dentro dos nichos - bem como do mobiliário medieval.
Em Itália, nos suportes pintados em madeira de choupo
(populus sp.), os malhetes eram aplicados pela frente do painel, atravessando-o até ao verso (fora-a-fora), numa primeira fase, e escondidos pelo verso, numa segunda fase. depois então é aplicado o gesso preparatório á execução pictórica.
Com o tempo, as técnicas construtivas foram-se modificando e aperfeiçoando, sendo introduzidos outros elementos de reforço de junta tais como respigas cilindricas de madeira (ou tarugos) e, em tábuas de maior espessura, a inovação da taleira, flutuante num furo préviamente aberto com bedames.
Os malhetes tornaram-se, por ocasionalidade, elementos de recurso a restauros de estrutura dos painéis (foto acima), solucionando problemas de abertura de juntas e de fendas resultantes de stress da madeira entretanto libertada das suas molduras originais, nas inúmeras remodelações retabulares e trocas comerciais que a história de arte se encarrega de estudar.
Nos tempos de hoje, o diagnóstico do estado de conservação de um painel pintado cai muitas vezes na anotação de problemas referentes à existência destes malhetes de restauro e de como os mesmos estão a comportar-se na peça e que repercussões transmitiram à superfície pintada.