quarta-feira, novembro 01, 2006

Cola de Queijo

A cola de queijo, ou caseinato de cálcio (ou cola de caseína), é um dos adesivos mais antigos conhecidos, usada desde a antiga civilização egípcia. Mencionada em tratados de importantes tratadistas como Ceninni ou Theóphilus, é descrita como sendo uma cola forte, compacta que resiste eficazmente á humidade, usada na construção de estruturas retabulares, mobiliário e painéis que servem de suporte de pintura.

Pensa-se que neste suporte de pintura quinhentista, em madeira de carvalho, tenha sido usado cola de queijo para adesão das juntas das tábuas. O adesivo em excesso, durante a colagem antiga, veio à superfície, deixando este aspecto. As marcas comprimidas na madeira ao longo da junta são devido ao aperto menos cuidado dos grampos, talvez num restauro antigo, enquanto as tábuas estavam desligadas umas das outras. Outros pregos foram martelados em intervenção antiga.

Observação de 2005.

domingo, outubro 29, 2006

remoção de podridão em suporte de pintura sobre madeira

Pormenor de uma intervenção de restauro num suporte de pintura sobre carvalho, na fase de remoção de madeira podre até atingir um substrato de material lenhoso com suficiente integridade estrutural.



Vistas gerais das obras: http://garmiellis.spaces.live.com/PersonalSpace.aspx?_c11_PhotoAlbum_spaHandler=TWljcm9zb2Z0LlNwYWNlcy5XZWIuUGFydHMuUGhvdG9BbGJ1bS5GdWxsTW9kZUNvbnRyb2xsZXI%24&_c11_PhotoAlbum_spaFolderID=cns!3F44A46A2D8D2E51!485&_c=PhotoAlbum
Pormenor de uma prancha de carvalho profundamente bio-deteriorada por combinação de térmita, caruncho e fungo xilófago. A madeira encontra-se em perfeito estado de desintegração, em forma de placas - por causa das galerias existentes abertas pelos insectos xilófagos - e em forma de cubos - por causa do ataque fúngico denominado "podridão cúbica".

sábado, outubro 28, 2006

podridão em pintura de cavalete

A podridão é muitas vezes o resultado de um estado de má conservação de uma obra de arte composta por madeira. No caso da pintura de cavalete com suporte de madeira, a maior parte das vezes proveniente de edificios sem gestão climatérica, i.e., conventos, igrejas, capelas, o caso da podridão "xilófaga" - ou ataque de fungos xilófagos - toma irreverentemente um avanço tal no estado de degradação quimica e posteriormente fisica da madeira que, muitas vezes, torna-se inevitável a sua remoção. Dentro das várias podridões existentes que podem danificar a madeira, a podridão cúbica, ou seja, a degradação e destacamento da madeira em forma de blocos cúbicos - é das piores situações de fragilidade estrutural que uma pintura sobre madeira pode chegar.
Quando um suporte chega a ter um desenvolvimento de podridão cúbica avançado, não existem muitas soluções técnicas que consigam manter a resistência estrutural da matéria de forma a garantir a sua estabilidade. Na verdade, não existe nenhuma solução satisfatória para obter esse efeito. Igualmente, os Institutos de Conservação existentes no mundo - que têm capacidade de criar e desenvolver soluções químicas para resolver problemas de reabilitação fisica de determinados materiais - até hoje não apresentaram nenhuma "mistura" ou componente que faça o desejado.
Há anos, em Portugal, foi experimentada uma mistura usando química orgânica cruzada com resinas acrílicas e ceras minerais e vegetais, mas para além do manuseamento ser altamente tóxico e cancerígena, também não se conseguir chegar a um efeito de consolidação e rigidez desejado dos pedaços cúbicos da madeira podre.
Na prática da intervenção em Conservação e Restauro, é incontornável a maior parte das vezes efectuar-se o desbaste da madeira mais solta da zona podre, tentando contudo chegar a remoção ao encontro do nivel de madeira mais densa - ou menos atacada - do local afectado, mas deste modo nunca beneficiando o conceito máximo de preservação da matéria que é original à obra.

sexta-feira, setembro 08, 2006

podridão cúbica

















Cerejeira com o fuste completamente minado de ataque fúngico, fungo este chamado fungo xilófago, porque ataca a lenhina da madeira (substância estrutural da estrutura lenhosa). A evolução deste tipo de ataque biológico resultou aqui numa podridão cúbica, porque a madeira desintegra-se me secções cúbicas as quais se desfazem facilmente. Cerejeira encontrada em zona rural em Seia, Agosto 2006.

quarta-feira, maio 17, 2006

Como sabemos do nosso quotidiano, a térmita é um insecto popular no que diz respeito à destruição da madeira, e o caso é mais grave quando nos deparamos com a sua devastação na estrutura de uma obra de arte constituída em madeira.
A térmita necessita, basicamente, de dois factores para o seu desenvolvimento: escuridão e humidade. Normalmente a térmita penetra na estrutura de uma peça através da zona inferior, quando está junta ao chão. os soalhos em madeira e as fundações em madeira de uma habitação são os locais favoritos à nidificação e proliferação deste ser vivo.

quinta-feira, maio 11, 2006

Os "malhetes" aplicados nos suportes de madeira na pintura de cavalete.

Os malhetes - ou também chamadas duplas caudas de andorinha - estiveram sempre de alguma forma associados aos suportes de madeira pintada, como elementos de reforço estrutural das tábuas pintadas. Estas peças executadas normalmente em madeira de um só elemento, cortadas de forma trapezoidal, foram originalmente utilizadas em Italia na tecnologia de construção dos suportes de pintura sobre madeira, pelos então destacados "legnaiolos" ou "panel-makers". A ideia de usar tais elementos já vinha das estruturas retabulares - nos elementos apainelados dentro dos nichos - bem como do mobiliário medieval.
Em Itália, nos suportes pintados em madeira de choupo (populus sp.), os malhetes eram aplicados pela frente do painel, atravessando-o até ao verso (fora-a-fora), numa primeira fase, e escondidos pelo verso, numa segunda fase. depois então é aplicado o gesso preparatório á execução pictórica.
Com o tempo, as técnicas construtivas foram-se modificando e aperfeiçoando, sendo introduzidos outros elementos de reforço de junta tais como respigas cilindricas de madeira (ou tarugos) e, em tábuas de maior espessura, a inovação da taleira, flutuante num furo préviamente aberto com bedames.
Os malhetes tornaram-se, por ocasionalidade, elementos de recurso a restauros de estrutura dos painéis (foto acima), solucionando problemas de abertura de juntas e de fendas resultantes de stress da madeira entretanto libertada das suas molduras originais, nas inúmeras remodelações retabulares e trocas comerciais que a história de arte se encarrega de estudar.
Nos tempos de hoje, o diagnóstico do estado de conservação de um painel pintado cai muitas vezes na anotação de problemas referentes à existência destes malhetes de restauro e de como os mesmos estão a comportar-se na peça e que repercussões transmitiram à superfície pintada.

quarta-feira, maio 10, 2006

Carvalho adulto transplantado

Na revista portuguesa do National Geographic de Maio de 2006 existe uma pequena noticia de um carvalho adulto centenário transplantado de um local para outro, por causa da construção de lojas num terreno adquirido pela empresa investidora. A noticia apenas está na revista (rubrica Tecnologia) e não no site do NGC, portanto vale a pena dar uma espreitadela naquela. O transplante custou cerca de 80 mil dólares mas salvou um espécimen majestoso do abate. A tecnologia usada na estrutura está impecável. Foi obra de americanos.

The "dream team"

"Dream Team" da área de Marcenaria Especializada do IPCR (Instituto Português de Conservação e Restauro).
Da esquerda para a direita, Miguel Garcia, mestre Sebastião Lopes, mestre Pedro José Correia e Frederico Henriques. Julho de 2005.

terça-feira, maio 09, 2006

Fóssil de árvore encontrado e exposto ao público


O fóssil de uma árvore com 310 milhões de anos foi recolhido em 2005 de uma mina perto dePella, no estado de Iowa, Estados Unidos da América.
Massa do fóssil? 16 toneladas.
Fantástico o estudo e soluções de tratamento da peça, manuseamento e transporte.
Mais em:
http://www.mnh.si.edu/highlight/fossil_scale_tree/index.html

um avião em madeira

O "Havilland Mosquito", um avião de combate fabricado pelos ingleses e posto a voar em 1940, tem a fuselagem toda feita em madeira. Não madeira maciça, mas sim laminado de madeira. Contudo não deixam de ser interessantes as vantagens de uma construção desta categoria. para mais ver:
http://www.aviation-history.com/theory/plywood.htm

Garmi


Garmi
Técnico Superior em Conservação e Restauro de Mobiliário e de Suportes de Pintura sobre Madeira.
De momento a colaborar em projectos POC com o IPCR (Instituto Português de Conservação e Restauro, sito em Lisboa, Portugal).

segunda-feira, maio 08, 2006

A Ecologia na Conservação da Madeira

Um dos problemas incontornáveis para a nossa sociedade já consciente, é o problema dos gastos de energia, neste caso associados à recuperação das obras de arte. No campo da conservação das madeiras das obras de arte, os gastos de energia incidem na produção indústrial de consumíveis como químicos (poluentes), gases e radiações "pesadas" para execução de tratamentos de anóxia, polímeros sintéticos (plásticos) usados como adesivos ou consolidandes das madeiras, entre outros tantos exemplos.
Os resultados do efeito da produção de CFCs já são bem alarmantes para o ecosistema terrestre e a sociedade já está devidamente consciente sobre este problema, mas exitem mais questões ainda no "ar" que ainda não tiveram melhor solução.
Creio que, para alguns problemas existentes no estado de conservação da madeira, podemos encontrar solução na própria natureza.
No caso da biodegradação da madeira, o que tanto danifica a estrutura do material lenhoso é o ataque de insecto xilófago.
Veja-se uma solução inteligente, 100% ecológica e com gastos de energia mínimos: Uma "limpeza" de carunhco realizado por vespas, cuja espécie é Lariophagus distinguendus:

http://patrimonius.blogspot.com/2005/04/conservao-e-restauro-um-trabalho-feito.html